10 de set. de 2010

Cuidador - sem data de validade

Um estudo em 2009 por amostragem identificou que o número de domicílios no Brasil foi estimado em 58,6 milhões de unidades e que a população brasileira chega hoje a 191,8 milhões de pessoas, sendo que as mulheres estão em maior numero 51,3% (cerca de 97 milhões) e os homens, 48,7% - (cerca de 91 milhões do total)

Nos trabalhos do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, algumas coisas me chamam a atenção – o número sensível na diminuição do ritmo de crescimento da população brasileira.  

O envelhecimento da população está gritante em face ao declínio da juventude no país O censo nos alerta que aumentou muito a quantidade de domicílios que estão com apenas um morador, mas que necessariamente não se trata de um idoso.

São 12% dos domicílios (quase 7 milhões) com apenas um morador, um número cada vez maior de moradores solitários por residência.

A estrutura etária dessa população continuou apresentando tendência de envelhecimento e em 2009, 11,3% (21 milhões de pessoas) tinham 60 anos ou mais de idade frente a 9,7% em 2004. O crescimento no número de idosos é o triplo da população como um todo nesse momento.

Na comparação entre 2008 e 2009, houve redução de 642 mil pessoas na população até 24 anos de idade, enquanto a faixa etária de 25 a 59 anos aumentou em 1,8 milhão de pessoas. A maioria dos viúvos está na população feminina, sendo que o percentual de viúvas (9,4%) foi mais de 4 vezes superior ao de viúvos (2,2%).

Lembrando que o envelhecimento de uma população trás um impacto grande nas políticas educacionais, de saúde e previdenciária de um país, imagine então o estrago que não faz no nosso precioso Brasil que padece de insuficiência estrutural nesses 3 campos.

Dia 21 de setembro vamos não só lembrar dos doentes acometidos da demência do tipo Alzheimer, mas lembrar preocupadamente com o destino das pessoas que lidam com esses doentes. Devemos lembrar que atrás de um idoso doente, há outros idosos tão frágeis quanto, segurando tudo.

Vocês podem achar que estou sempre me preocupando mais com a saúde do CUIDADOR do que o enfermo de Alzheimer, isso porque eu entendo que existem escolhas na vida e as fazemos a cada segundo.

Não é uma escolha consciente ser cuidador de um parente com Alzheimer para muitos e quando se faz essa escolha, geralmente não é feita com o coração, mas com um sentimento de “o que os outros vão pensar” se eu não cuidar dele?.

Recebo muitas relatos de familiares com problemas seríssimos de infra-estrutura domiciliar, financeira e social, mas bancam uma situação de ter o idoso demente sob sua guarda (além de suas forças) temerosos de um julgamento social.

“Que filha má, essa que não cuida de seus pais!”

Geralmente os filhos “homens” estão isentos dessa obrigação, se houver irmãs que façam o serviço. E na maioria esmagadora racai sobre a filha mais velha ou solteira ou divorciada – uma forma de compensação dos outros irmãos - que acreditam que por ela não ter filhos e ou marido viva uma vida maravilhosa e livre de "compromissos". E por que a mais velha? Ah, já viveu mais que os outros!

Preocupo-me com essas mulheres que assumem essa tarefa e não há ninguém para ajudá-las nisso, apenas dedos que apontam e julgam pelas aparências.

Devemos ficar cientes que todo CUIDADOR se fragiliza com esses cuidados que duram anos. Muitos caem doentes durante e depois, isso quando não falecem logo após do doente.

Estamos ficando sozinhos em nossas casas. Os filhos já cresceram, o marido se foi (seja lá como) e os parentes sumiram. Cada um com seus problemas diários. Estamos sozinhos não porque moramos só em uma residência, mas sozinhos dentro de nossas cabeças, sozinhos dentro de nossa mísera condição de vida.

Não temos evolução espiritual suficiente para entender que a vida não é só acordar, trabalhar, pagar contas, comprar comida e remédios. Temos uma missão aqui e essa missão diz respeito ao desenvolver de cada um de nós como seres imortais que somos.

Temos que acreditar que cada um tem um caminho a seguir, uma missão a cumprir e cada um fez e faz a sua escolha dentro do melhor possível e que o outro não deve “pagar” por sua responsabilidade. Devemos ser responsáveis por todos, mas nunca, de maneira nenhuma, em nenhuma hipótese, esquecer que NÓS estamos no topo da lista das pessoas a serem cuidadas, estimadas e amadas. Se ame primeiro para poder saber como é amar o próximo.

 
No dia do Alzheimer devemos ficar alertas para não escolher esse caminho.

Demência é fuga de uma vida que não há mais sentido.

Por isso, encare sua vida de frente. Não se importe com o que os outros digam, mas sim o que seu coração lhe diz. 

Ponha para fora o que pensa, pois se não o fizer, isso só fará te esquecer quem você realmente é...


laura botelho

Cérebro de alguém com Alzheimer - Direito

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